O SONHO NA CONCEPÇÃO DE FREUD
Concepção freudiana: Sonho
é “um
produto da atividade do inconsciente e que tem sempre um
sentido intencional, a saber: a realização ou a tentativa de realização – mais
ou menos dissimulada, de uma tendência reprimida”.
Sonho
é produzido com os pensamentos, dados e experiências que são recalcados para o
inconsciente, e que o fazemos automaticamente, mas que agridem o psiquismo. O
sonho, portanto, é algo que, por força do superego, não deve acontecer no
pensamento chamado consciente. A censura não o permitiria.
O Sonho é, portanto, a “estrada real do psiquismo”. Freud
entende que o psicanalista, partindo da informação que lhe presta o paciente
(conteúdo onírico manifesto), chegará a obter o conteúdo latente ou “idéias do
sonho”. Este trabalho torna-se desnecessário nos chamados “sonhos infantis”, em
que coincidem ambos os conteúdos e o sonho é, evidentemente, uma satisfação de
desejos (tal é o caso do rapaz que indo dormir sem jantar, sonha que come
saborosos manjares, ou o menino que, na noite de natal, sonha que está ganhando
brinquedos, etc.). Mas não devemos confundir “sonhos infantis” com sonhos de
crianças. A maioria dos sonhos das crianças são infantis, alguns não. Certa
quantidade de sonhos de adultos também são infantis. É uma questão de natureza
do sonho e não de faixa etária.
O TERAPEUTA E OS
SONHOS
Ao lidar com sonhos, o terapeuta deve ter sempre em mente
tudo o que se desenrola durante a sessão na qual se relata o sonho, o que sabe
a cerca do paciente por meio das sessões anteriores, e – principalmente - qual
o material que foi abordado na sessão imediatamente anterior.
Deve-se,
de um modo geral, acautelar-se contra a demonstração de um interesse muito
especial na interpretação de sonhos, ou despertará no paciente a idéia de que o
trabalho de análise não avançaria se ele não trouxesse à tona nenhum sonho;
pois por outro lado existe um risco de que a resistência do paciente se volte
para a produção dos sonhos, como já vimos, com uma conseqüente cessação dos mesmos,
de outro modo, como já se tem podido observar. O paciente deve ser levado a
acreditar que, pelo contrário, a análise, invariavelmente, encontra material
para prosseguimento, não importando se ele traz à baila sonhos ou qual a dose
de atenção que é dedicada a eles.
Os sonhos
são importantes e, quando relatados pelo paciente e devidamente entendidos,
proporcionam um “excelente caminho para o inconsciente”. Entretanto, uma busca
demasiadamente ansiosa das associações do paciente com os vários elementos do
sonho, pode inibir as associações espontâneas do paciente e criar um clima de
teste entre professor e aluno.
O
analista deve entender, logo de início, que nenhum sonho pode ser completamente
analisado do decurso de qualquer sessão.
O
analista deve acostumar-se, também, ao fato de que um sonho pode, ainda, Ter
muitos significados.
Freud
diz, também, que a dose de interpretação que se pode obter numa sessão deve ser
considerada suficiente e não vista com uma perda, se o conteúdo do sonho não
for plenamente desvendado. As produções mais recentes devem ser observadas e
não há razão para embaraços para negligenciar as mais antigas, mesmos sonhos
não desvendados totalmente.