sábado, 5 de março de 2011

ESTUDOS SOBRE A HISTERIA

José Nilton Barbosa - Psicanalista Clínico

Alguns autores acreditam que a histeria se modifica conforme o contexto sócio-cultural vigente em cada época. A histeria é tão plástica proteiforme que de alguma forma, ela está presente em todas as psicopatologias, sendo que a compreensão dos psicanalistas deixou de ser unicamente da psicodinâmica dos conflitos sexuais reprimidos, mas também como uma expressão de problemas relacionados e comunicacionais (Zimerman, 1999).

Bergeret (2005) fala da estreita relação da histeria com o corpo. A histeria leva plenamente em conta a onipotência da pulsão e assume suas conseqüências “da percepção vertiginosa de seu limite extremo, o desejo de desejo insatisfeito, a sua incorporação maior, a saber, a fantasia incestuosa. É nesse sentido que, com a histeria toda pulsão irá se tornar incestuosa” (Bergeret, 2006, p. 149)

Na raiz dos Estudos sobre a histeria encontra-se uma observação acidental, ponto de origem que conduz a uma descoberta; esse fato primeiro, depois convertido em teoria, irá impulsionar uma série de outras descobertas que nos remetem novamente ao ponto de origem. As idéias irão progredir como se cada transformação do pensamento redescrevesse com novas palavras a fórmula fundamental anunciada na “Comunicação Preliminar”, segundo a qual “os histéricos sofrem predominantemente de reminiscências” (Breuer & Freud, 1891/1991, p. 31).

Por meio desse gesto curioso que nos devolve à origem do livro, Freud e Breuer parecem ter incorporado à investigação teórica um traço do próprio tratamento que aplicam aos pacientes, pois,

se a terapia catártica procura resgatar para o paciente uma lembrança traumática que está na origem da doença, todo avanço teórico deve está acompanhado por um retorno a este começo da teoria, algo que se faz notar nas passagens em que este artigo de abertura é citado: quanto mais reafirmam o valor deste começo, mais eles terminam por afastar-se de seu conteúdo. A idéia de uma simples “retomada” da “Comunicação Preliminar” perde a nitidez se consideramos que a referência ao passado serve mais para aproximá-lo de um novo presente que ilumina a descoberta inicial. Trata-se, enfim, de uma reinvenção do começo. Tentaremos compreender nestes termos o comentário de Freud sobre os primórdios do livro em seu capítulo final:

A histeria foi causadora de muitas polêmicas durante séculos. Vários estudiosos como Charcot, Breuer e Freud, reuniram-se para um estudo dos sintomas somáticos que tal doença causava.

Mas, foi Freud quem descobriu no caso da histeria, conversões chamadas de traços etiopatogênicos importantes, onde a crise emocional emergia sob forma de conversões que até hoje são vistas, mas com grau menos intenso. Freud dá um certo lugar a histeria.

Estudos mais específicos sobre a histeria, foram realizados.

E o primeiro a estudar sobre esse assunto foi Jean Charcot (1825-1893) ele começou a sua investigação de forma metódica dos sistemas histéricos, através do método de observação clínica. Com esse estudo ele forneceu uma descrição esquemática de um ataque histérico, que se divide em três fazes: Fase epileptóide, fase dos movimentos amplos, fase alucinatpória e faze do delírio terminal, Concluindo que o elemento degenerativo era a base comum de todos os sintomas da histeria.

Benheim, um dos discípulos de Charcot, concluiu que todos os fenômenos descritos por seu mestre, como histéricos, podiam ser desenvolvidos por via sugestiva. Assim a sugestão não é propriamente um fenômeno histérico, mas faz parte em maior ou menor grau do acervo psicológico do homem.

Baninski, um outro estudioso do assunto, separou a histeria patológica nervosa, aproximando a sugestão hipnótica, como um efeito da persuasão. Para Babinski, a essência da histeria é a sugestão. Ele estabeleceu como axioma que, “O Histérico , é tudo aquilo que vem pela sugestão e é removido pela persuasão”.

Pierre Janet, procurou estudar a relação entre a histeria, a hipnose e a auto-motivação psicológica desenvolvendo sobre a primeira os conceitos de “tensão psicológica” e “dissolução” e “sub-consciência”. Para ele, esse abaixamento se constitui num defeito pessoal, indicador de deficiência constitucional, em que a estrutura das consciência do histérico está fundamentalmente alterada, possuindo uma atitude para viver intensamente as imagens e para hipnotizar-se por elas.

Freud estudou a histeria partindo da idéia de que os sintomas da mesma, se originavam no inconsciênte dos enfermos. Ele mostrou em síntese, que a maioria dos fenômenos histéricos era o resultado de repressão no inconsciente dos sentimentos, desejos e temores que expressam.

Mas tarde, essa teoria de Freud foi aplicada como um recurso da idéia de “repressão”, por entenderem que a neurose histérica está caracterizada desde a sua estrutura até a fase edipiana genital. Com base nessa idéia, a histeria seria então considerada uma neurose edípica.

A personalidade histérica, se apresenta mais nas mulheres que nos homens, com seu caráter em três aspectos fundamentais, como: Sugestionalidade, Mitomonia e Alterações Sexuais.

Para Kretschmer, toda pessoa com um sistema nervoso débil ou com uma situação extrema, é capaz de produzir um ataque de estados histéricos.

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