TDAH – Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade
Seu filho é hiperativo? Muitos pais, de brincadeira, associam a grande
quantidade de energia de seus filhos pequenos à hiperatividade. Enquanto a
criança está crescendo, múltiplas partes de seu corpo estão se desenvolvendo. A
habilidade de administrar emoções é apenas adquirida por completo por volta dos
12 anos e, ainda assim, a criança entra na adolescência com dificuldade para
entender o que sente. Por isso, crianças costumam apresentar comportamentos
inusitados que ora causam boas gargalhadas nos mais velhos. Mas será que você
consegue distinguir o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH)
da vivacidade natural das crianças? Os sintomas não se limitam apenas a
hiperatividade. Há outros fatores que devem estar presentes para resultar em um
diagnóstico.
O que é TDAH?
O Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade é um transtorno
neurobiológico caracterizado pela desatenção extrema, desorganização,
comportamento impulsivo, inquietude, entre outros. Geralmente, os sintomas se
manifestam antes dos sete anos. Aliás, é estimado que 5% dos adultos tenham
TDAH.
Por mais que as pessoas estejam falando mais e mais sobre este transtorno,
pois geralmente interfere no rendimento escolar dos filhos, ainda é comum
encontrar adultos que foram diagnosticados tardiamente. Muitas vezes, não sabiam
que eram hiperativos. Ademais, outro cenário comum é a falta de conhecimento dos
pais em relação ao transtorno.
Os sintomas do TDAH podem ser facilmente
confundidos com má criação, mania, ansiedade ou medo. Às vezes, os pais podem
brigar com o filho por expressar comportamentos desagradáveis, mas não
compreendem que ele não consegue controlá-los. Em qualquer transtorno, quanto
mais rápido for o diagnóstico mais eficiente é o tratamento. Ou seja, pais,
tutores, familiares e professores devem estar atentos ao comportamento da
criança para identificar possíveis sintomas de TDAH.
Sinais típicos da hiperatividade
Para identificar se seu filho é hiperativo ou não, é preciso prestar atenção
redobrada aos seus comportamentos e manias. Eles podem passar batido pelos pais
que, atarefados e cheios de preocupações, não possuem tempo de vigiar as
crianças por 24 horas. É um cenário extremamente comum na sociedade moderna.
Desempenho escolar ruim
O fator que costuma alertar os pais é a súbita queda do desempenho escolar. É
possível também que a criança nunca tenha tido uma performance como a dos
colegas de turma. Em vez de exigir mais do filho, os pais devem procurar
compreender as suas limitações e dificuldades. Se estas estão relacionados à
apenas uma matéria ou atividade ou se estendem-se para as demais esferas da vida
escolar da criança.
Desatenção
A criança se distrai facilmente. É só aparecer um brinquedo novo, uma atividade
diferente ou algum barulho um pouco alto que a concentração se esvai. Ela
simplesmente para de ouvir você para ocupar a mente com outra coisa.
Consequentemente, a desatenção também aparece na hora de fazer as tarefas da
escola ou concluir afazeres domésticos simples.
Agitação incontrolável
O hiperativo não consegue permanecer quieto. Ele corre, anda pelo cômodo, mexe
nos objetos ao seu redor e fala sem parar, tudo para conter a necessidade de
estar sempre ocupando-se com algo. A criança nunca parece se cansar de suas
artimanhas e demanda constante atenção dos pais. As pessoas costumeiramente
confundem essa agitação com má criação, reprimindo a criança com sermões.
Tagarelice
A criança fala, fala e fala, interrompendo conversas com frequência. A fala
excessiva acontece porque ela procura verbalizar seus pensamentos assim que
possível para que ela mesma consiga compreendê-los. Caso contrário, pode até
esquecer o que ia dizer ou do assunto principal.
Distração
Quebrar ou derrubar objetos por acidente é outro indicativo de TDAH. Com a
cabeça no mundo da lua, a criança perde um pouco da percepção do ambiente e
acaba ganhando fama de desastrada. Na verdade, ela tem dificuldade para
identificar todos os detalhes (objetos, móveis, pilares, degraus) de seus
arredores. Neste caso, a criança também pode apresentar machucados arroxeados no
corpo por bater acidentalmente em objetos e móveis.
Dificuldade de compreender instruções
Se seu filho não entende as suas orientações da primeira nem da segunda e
terceira vez, é provável que ele seja hiperativo. A criança com TDAH não conclui
ou não executa tarefas da forma indicada não porque é preguiçosa ou está com má
vontade, mas, sim, porque não conseguiu compreender a totalidade do que foi
falado.
Ansiedade
A ansiedade, neste contexto, é passageira. Incapaz de se acalmar, a criança
acaba atropelando os amiguinhos e colegas. Se atravessa nas brincadeiras,
responde as perguntas feitas pelos professores a outros colegas, e não aguenta
esperar a sua vez em filas ou para realizar atividades escolares. Este sintoma
também pode ser mal interpretado pelos demais, já que passam a rotular o seu
filho de inconveniente.
Impulsividade
Este sintoma pode até mesmo ser perigoso, pois a criança pode fazer alguma coisa
perigosa sem pensar nas consequências. Brincadeiras simples podem sair do
controle e causar machucados ou ferimentos.
O diagnóstico
Para você sanar as suspeitas de que seu filho possa ser hiperativo, existem
alguns critérios os quais devem ser levados em consideração.
O primeiro é que os
sintomas devem se repetir com certa frequência e não apenas uma vez ou outra.
Diversas crianças têm dificuldade na escola. Algumas acham uma matéria mais
difícil do que as outras e precisam de tutoria particular para ter as mesmas
notas que os colegas. É quando esta dificuldade atinge diversas (ou todas) as
matérias de forma generalizada que os pais devem se preocupar.
O TDAH pode
variar de leve para grave, portanto, cabe aos pais ficarem atentos para a
intensidade dos sintomas e relatarem suas observações para um profissional. Como
o diagnóstico pode ser confundido com comportamentos típicos da criança, a
análise comportamental pode levar tempo. Esta cautela é necessária para fazer o
diagnóstico corretamente. Existe também uma diferença na manifestação de
sintomas em meninos e meninas. Normalmente, é mais fácil diagnosticar os meninos
por conta da hiperatividade que apresentam logo nos primeiros anos de vida. Já
as meninas sofrem mais com o déficit de atenção.
É mais fácil perceber o TDAH
nelas quando ingressam na escola, pois passam a dar sinais que não compreendem o
conteúdo da mesma forma que os colegas de turma.
TDAH na escola
Como seu filho passa a maior parte de seu tempo na creche ou na escola, é
necessário pensar nos efeitos deste ambiente em sua saúde mental. Na escola, a
criança pode ser tratada como a bagunceira ou rebelde da turma devido a
impulsividade. Além de que também pode ser rotulada de preguiçosa por tirar
notas ruins e entregar atividades mal feitas. Por desconhecerem o que é
hiperatividade, os professores acabam reagindo com sermões, ameaças de punição
(sair de sala, suspensão) e chamando os pais na escola para conversar.
A criança
com TDAH também pode, sem querer, causar inconveniências para os seus colegas de
classe. Aos poucos, eles começam a se afastar para evitar a convivência. A
rejeição ou dificuldade para se entrosar afeta a confiança da criança,
deixando-a frustrada. Seguir as regras da escola e padrões sociais de
comportamento pode ser estressante para o hiperativo. Ele não consegue obedecer
ou interpretar ordens com facilidade. Assim, passa a ser visto como o “aluno
problema” pelos professores.
A maioria das escolas, infelizmente, ainda tem
docentes despreparados para lidar com alunos com TDAH. A tarefa de ficar de olho
e acompanhar a vida escolar dos filhos de perto para que o transtorno possa ser
identificado com vantajosa rapidez é dos pais. Participar ativamente na vida do
seu filho garante que ele não sofrerá com professores despreparados para lidar
com crianças hiperativas.
Tratamento do TDAH
Como tratar o TDAH? Existem maneiras de tornar o meu filho menos hiperativo? O
tratamento do transtorno é medicamentoso, ou seja, é feito através de remédios
indicados pelo psiquiatra. Os fármacos (antidepressivos, ansiolíticos, entre
outros) reduzem a agitação e a impulsividade. Dessa forma, a criança consegue
levar uma vida mais tranquila e melhorar as suas interações sociais.
A
psicoterapia também é essencial para o tratamento do TDAH.
A abordagem
cognitivo-comportamental demonstrou-se ter os melhores resultados. É focada em
mudanças comportamentais através da inserção de hábitos mais saudáveis na vida
cotidiana do paciente. A criança, então, tem maiores possibilidades de enfrentar
as dificuldades causadas pelo transtorno. Novamente, a presença dos pais é
essencial. É o papel deles apoiar a criança durante todo o tratamento, inclusive
quando o filho colocar em prática os ensinamentos da terapia e fizer os
enfrentamentos.
A família pode modificar hábitos simples para colaborar com o
tratamento de TDAH, como providenciar uma alimentação balanceada, estimular a
realização de atividades físicas e criar horários regulares para formar uma
rotina para o filho. Crianças hiperativas não gostam de imprevisibilidade. No
entanto, essas atividades são complementares. O tratamento com medicamentos é
indispensável.
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